segunda-feira, 30 de agosto de 2010

"São José é o Maior!

  


SÃO JOSÉ É O MAIOR


(Pe. Manuel de Alencar, 1886-1924)


"Um dia à porta do céu


Foi bater com muita fé


Um esfarrapado devoto


Do nosso Pai São José



Logo abre-lhe a porta São Pedro


E vai gritando ¬ Quem é?


¬ Sou eu São Pedro, um devoto


Do nosso Pai São José!...



Donde é que bem Voss’mecê,


Cheirando tanto a café? ..


¬ São Pedro sou brasileiro,....


E venho lá de Tefé! .



Se de lá vem, diz São Pedro,


Quem sabe não é pajé?!


¬ Saberá fazer feitiço


Com dente de Jacaré?!



¬ Deus me livre. Grande Santo


Que nada fiz contra a Fé!...


Santo não; mas fui devoto


Do nosso Pai São José. .



¬Passe pra cá meu livrinho,


A sua conta corrente...


Vamos ver se lá por baixo


Você viveu cristãmente...




Oh! Trabalhar nos domingos


Isso é pecado mortal, .


Pois é a lei que nos domingos


Descanse até animal. .



Ah! Foi no tempo São Pedro


Em que eu era seringueiro...


Foi no tempo em que a borracha


Ainda dava dinheiro.



¬ Aqui também está marcado


Que raramente ia à Missa...


Então por que?... Por desprezo,


Por descuido, ou por preguiça?...



¬ Confessou-se uma só vez:


¬ No dia do casamento!...


Só recebeu nesse dia


O Santíssimo Sacramento



¬ E por desgraça suprema,


Que me causa compaixão,


Não teve Padre na morte,


E morreu sem confissão...



¬ Meu amigo, eu lhe aconselho:


Não se apresente ao Eterno!...


No Céu não acha lugar:


¬ Foi condenado ao Inferno...



Esmagado pelo dor,


O triste mísero réu


Ao lado do seu saquinho


Sentou-se à porta do Céu.



Nisto, um anjinho bem loiro


Com linda estrela na testa,


Veio olhar pela janela,


Mostrando uns ares de festa.



Meu bem, ¬ (lhe diz o devoto),


¬ Vá dizer a São José


Que foi logo ao Pai Eterno


E perguntou: ¬ Como é?!...



¬ Chegou-me agora aos ouvidos,


Ó Divino Pai Eterno,


Que um pobre devoto meu


Foi condenado ao Inferno.



¬ Não me queixo da Justiça


Nem da vossa Divindade,


Mas agora em parte alguma


Terei mais autoridade!...



¬ Devo pois me retirar,


Ao mundo, se for preciso,


Mas sem prestígio nem força


Não fico no Paraíso!...



E deixando o Pai Eterno


Surpreso dessa atitude.


São José foi se afastando,


Meio triste, meio rude...



¬ Maria, Esposa querida,


Arrume a nossa bagagem,


E vá também se arrumar,


Que vamos fazer viagem...



Aqui, o Santo Menino,


Vendo tanta arrumação,


Foi perguntando ¬ Mãezinha,


Para onde é que vocês vão?...



Sempre humilde e obediente,


Calou-se a Virgem Maria,


E dando a Jesus um beijo


Respondeu que não sabia...



¬ Meu Filho ¬ (disse chorando


O nosso Pai São José)


Tornamos de novo ao mundo,


Voltamos a Nazaré...



¬ Pois então, ¬ disse o Menino,


¬ O Mandamento pratico:


Obedecendo a meus Pais,


No Paraíso não fico!...



Vendo os Apóstolos que o Mestre


Lá ia embora também


Disse João Evangelista:


¬ No Céu não fica ninguém!...



E os anjos logo disseram:


¬ Que querem, pois, que se faça?


¬ Sem Jesus e sem Maria


Já fica o Céu tão sem graça!...



Todos aí, se mexeram,


E cada qual, decidido


Foi arrumar a bagagem


No jubiloso alarido...



Houve um grande rebuliço


Entre os Anjos e entre os Santos


Profetas e Confessores


Anacoretas e quantos.



Na terra haviam seguido


Com sacrifícios e amor,


Os passos de Jesus Cristo,


A Lei Santa do Senhor...



São Pedro, à porta do Céu,


Espantado e obediente,


Olhava pro Pai Eterno,


E olhava praquela gente...



Sossegadinho, o devoto,


Diminuindo a agonia,


Sentado junto do saco,


Olhava tudo e sorria...



Fala, então, o Pai Eterno:


¬ Isto assim não pode ser:


¬ Sozinho no Paraíso


É que eu não posso viver!...



E disso logo a São Pedro:


¬ Venha esse homem para aqui:


¬ Vou reformar a sentença


Que contra ele escrevi!...



¬ É, de fato, escandaloso,


Nunca se ouviu “ab aeterno”


Que amigo de São José


Caísse um dia no Inferno...



¬ Perdôo, ¬ disse ao devoto,¬


Por minha grande clemência:


¬ Volte à terra mais um ano,


E faça lá penitência...



¬ Volte, depois, preparado


Pro rigoroso Juízo


E não venha cá meter


Desordem no Paraíso!...



São José sorriu contente,


Maria sorriu também,


E Jesus falou bem alto:


¬ Digamos todos: Amém!...



O Céu vibrou de alegria,


Anjos cantaram melhor...


E o devoto bateu palmas:


¬ SÃO JOSÉ É O AMOR!...



Isto vem mostrar à gente


O poder de São José:


¬ Quem queira mesmo salvar-se


Tenha nele muita fé!..."


sábado, 7 de agosto de 2010

"Maria e José educaram Jesus"


"Na vida transcorrida em Nazaré, Jesus honrou a Virgem Maria e o justo José, permanecendo submetido à sua autoridade por todo o tempo da sua infância e adolescência (cf. Lc 2, 51-52). Deste modo, lançou luz sobre o valor primordial da família na educação da pessoa. De Maria e José, Jesus foi introduzidona comunidade religiosa, frequentando a sinagoga de Nazaré.

Com eles, aprendeu a fazer a peregrinação a Jerusalém, como narra o trecho evangélico que a liturgia hodierna propõe à nossa meditação. Quando tinha doze anos, permaneceu no Templo, e os seus pais empregaram três dias para o encontrar. Com aquele gesto, fez-lhes compreender que Ele se tinha de "ocupar das coisas do seu Pai", ou seja, da missão que o Pai lhe confiara (cf. Lc 2, 41-52).

Este episódio evangélico revela a mais autêntica e profunda vocação da família: isto é, a de acompanhar cada um dos seus componentes pelo caminho da descoberta de Deus e do desígnio que Ele lhe predispôs. Maria e José educaram Jesus, em primeiro lugar, com o seu exemplo: nos seus pais, Ele conheceu toda a beleza da fé, do amor a Deus e à sua Lei, assim como as exigências da justiça, que encontra o seu pleno cumprimento no amor (cf. Rm 13, 10). Deles aprendeu que antes de tudo é necessário realizar a vontade de Deus, e que o laço espiritual vale mais que o vínculo do sangue.
A Sagrada Família de Nazaré é verdadeiramente o "protótipo" de cada família cristã que, unida no Sacramento do matrimônio e alimentada pela Palavra e pela Eucaristia, é chamada a realizar a maravilhosa vocação e missão de ser célula viva não apenas da sociedade, mas da Igreja, sinal e instrumento de unidade para todo o género humano.

Invoquemos agora, juntamente com a proteção de Maria Santíssima e de São José para cada família, de modo especial para as que estão em dificuldade. Que eles as sustentem, a fim de que saibam resistir aos impulsos desagregadores de uma certa cultura contemporânea, que debilita as próprias bases da instituição familiar. Ajudem as famílias cristãs a serem, em todas as partes do mundo, imagem viva do amor de Deus."

Sua Santidade, Papa Bento XVI, Mensagem do Ângelus, Festa da Sagrada Família de Nazaré, Domingo 31 de Dezembro de 2006.